Ayrton Benck

sobre o músico (enquanto pesquisador, professor e interprete)

Em sua tese (pela UFBA/2008) o doutor em trompete Ayrton Benck, escreve numa linguagem acessível, rica em detalhes construtivos, com elementos explicativos sobre fatos históricos e socioculturais influenciadores na interpretação do Frevo, enquanto gênero musical etnográfico.

Entrevista – buscamos aproximar o público dos modos como esse importante músico conseguiu conduzir a vida e se fez doutor em Música. Como compreendeu e respeitou os dados da experiência. Na entrevista, algo autobiográfica, o Dr. Ayrton muito gentilmente mostra como soube compreender os desígnios que a música, o estudo e o conhecimento haviam tramado para seu encontro com o conceito musical, interpretativo: Frevo de Rua.

parte 01 – (Música e Cultura: Etnia e Conhecimento)
Pernambuco território e emancipação/ origem Familiar (mãe do Nordeste e pai do Sul) nasceu em Brasília/ recortes biográficos (parentes) a determinação da mãe e da avó do Ayrton incentivando os filhos a estudar/  As duas tocavam e a mãe do Ayrton reconhecia a educação musical como formação humanista.
parte 02 (Cursos: Profissionalização)
a mãe do Ayrton reconhecia o valor da educação musical para formação humanista dos filhos/ Ayrton fez o curso profissionalizante (técnico) na Escola de Música de Brasília entre 1979 e 1987/ Reynaldo da Fonseca Coelho foi seu 1º professor de trompete/também por meio do Reynaldo recebeu convite para participações na Banda Sinfônica da Escola de Brasília/ em SP teve aulas com o trompetista Gilberto Siqueira em SP/ foi o Gilberto que indicou a UFPB para Ayrton continuar os estudos e fazer o bacharelado com o recém mestre em trompete Nailson de Almeida.
parte 03 (Bacharelado / Mestrado)
deixando as regiões centro/ sudeste para fazer o bacharelado na UFPB com o professor Nailson de Almeida Simões/ O casamento com a flautista e Dra. Conxita. O Quinteto Brassil. Mestrado a escolha pela UFBA. A dissertação e a importância do raciocínio musical do compositor Sérgio Vasconcellos quando evidencia o modo como se toca, algo que o Dr. Benck compreendeu/ vislumbrou como sotaque-cultural, por meio de elementos de expressão musical ai inserida (conteúdos para o Mestrado e posteriormente o Doutorado).
parte 04 – (Doutorado: trompete no frevo)
temática do frevo (estética e registro)/ o frevo estudo local (técnica científica), como se toca frevo usando trompete/ frevo música (levantamento teórico)/ O Doutorado (UFBA)/ Dados históricos e socioculturais relacionados ao Frevo de Rua, na tese Ayrton analisa o estilo e expressões musicais utilizadas para interpretação no trompete.
parte 05 – (Banda de Frevo, aprendizagem e ensino)
pesquisadores defendem que a música brasileira surgiu pelo modo como tocamos a música europeia, o frevo surgiu nesse ambiente de simbiose cultural-musical, no mestrado Ayrton percebeu que o compositor Sérgio Vasconcellos trabalhou nesse mesmo âmbito imagético, inserindo numa “fuga” um “frevo” e o que tornava isso claro era o modo de tocar.
parte 06 – (o frevo, a banda e a mão do povo) 
estrutura e formação das Bandas Militares/ sobre Pereira da Costa (pesquisador), sobre Fernando Binder (monografia de mestrado: Bandas Militares), a Banda de Frevo. O Frevo está por demais atrelado a eventos patrocinados pelo estado, o povo precisa retomar o Frevo como seu patrimônio.
parte 07 – O Frevo e a Banda em foco
(análise sobre a importância da Monografia de Fernando Binder/ influências da estrutura e da música do exército Janízero/ Sorriso o primeiro Frevo, pesquisa do Hugo Martins/ a cultura do frevo numa sociedade mestiça e em formação híbrida) pós Lei Áurea.
ver playlist
https://www.youtube.com/playlist?list=PL-72TiCIGLKMW16qehCuWOzOgvx31AIO3

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De modo belíssimo Ayrton Benck mostra como o desenvolvimento da interpretação do Frevo de Rua, no trompete, tal qual outros instrumentos, foi ganhando vida, algo intuitiva, muito em função do ensino prático, mas ainda não sistêmico do Frevo. Existe uma distância entre o modo de aprender (baseado no exercício  da execução musical) e seu estudo organizado, metódico (sua escrita e leitura direcionada para interpretação).

A proposta do Ayrton, com sua Tese, é colaborar com o mapeamento interpretativo, para o trompete, nas diferentes ambiências e sentimentos do Frevo. Um bom início indicativo rumo a construção de uma ciência musical na centenária História do Frevo!

Optamos em utilizar dados escritos pelo próprio autor que criou objetividade tamanha, em seus textos, tornando acessível ao nosso público perceber o modo como Ayrton organizou sua pesquisa, as diferentes camadas de temas e assuntos que pesquisou. O modo como fez isso é que torna possível o estudo de vários conceitos conexos, do encontro e da fusão de diferentes aspectos de realidades culturais no entorno, e no ponto de cruzamento destes fatos, que originaram o Frevo de Rua.

(abh)

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tese
…….. O frevo-de-rua no Recife: 
………………. “características sócio-histórico-musicais”
………………………… e “um esboço estilístico-interpretativo”

“Sendo a música um fenômeno global inserido dentro de todo um sistema cultural, é relevante que todo intérprete musical entenda a necessidade de uma compreensão mais ampla de tudo que a envolve ou que está ligado a ela, sejam suas causas ou efeitos.”

“É interessante notar que o trabalho de executar, tocar uma obra musical não pode simplesmente limitar-se à técnica instrumental, correta leitura da notação, escolha instrumental ou à análise histórica, formal ou estilística. O fazer musical não se resume somente a isso. O pensamento de diversos autores de áreas correlatas à interpretação musical tem ajudado muitos instrumentistas a obterem uma reflexão mais aprofundada, ou pelo menos diferenciada, do ato interpretativo ou do que é a música em si. A esse respeito existem os mais variados e abstratos conceitos sobre o que é a música. John Blacking incita a compreensão da música não só como reflexo-efeito, mas também como geradora-causa, abrindo outra perspectiva para que o intérprete, um dos realizadores da música em si, compreenda o seu papel de maneira diferente.”
…………………………………………………… (Ayrton Benck)

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Tese 

………………….. Parte 1 e 2.pdf – RI UFBA

Título:

O frevo-de-rua no Recife:
“características sócio-histórico-musicais”
“e um esboço estilístico-interpretativo”

Autor:
……………….  Ayrton Benck Filho

Orientador:
……………….  Schwebel, Heinz Karl Novaes

Palavras-chave:

Frevo; práticas interpretativas; trompete; trompetistas, caracterização social, histórica e musical; performing practice; trumpet; trumpet players, social, historical and musical characteristics; música

Data do documento: 2008

Resumo: 

Esse estudo oferece características sobre o processo prático-interpretativo do Frevo-de-Rua pelos trompetistas profissionais no Recife. A caracterização faz-se através da pesquisa de survey entre os trompetistas e entrevistas semi-estruturadas com alguns dos principais maestros de frevo no Recife.

Como objetivo específico, visa verificar a existência da recorrência na escolha de estratégias prático-interpretativas do gênero. Sendo assim, delineia-se um estilo prático-interpretativo dos trompetistas de frevo-de-rua, descrevendo alguns de seus processos de realização dos parâmetros interpretativos:

# andamento
# articulação 
# acentuação
# dinâmica

Também são examinadas várias características importantes aos intérpretes musicais interessados a formar um ou ampliar seus conceitos interpretativos do gênero. Essa caracterização envolve:

# aspectos sociais, enfocando o frevo dentro de seu ambiente social;

# aspectos históricos, levantando alguns dos fatos importantes para o frevo-de-rua;

# aspectos musicais, examinando as origens, classes, conjuntos instrumentais característicos

# e uma análise de seus elementos estruturais.

INTRODUÇÃO

Dentre os vários problemas da prática interpretativa existem aqueles relacionados com as diferenças entre o que está notado graficamente e o que é realizado no campo sônico, ou seja, a diferença entre a música escrita e o que é tocado.

Existe uma necessidade em realizar a prática musical menos intuitiva, tornando-a mais reflexiva e subsidiada por outras áreas da musicologia, como, por exemplo, a teoria, a análise musical e a musicologia histórica.

Há também a busca pela sistematização dos processos de ensino-aprendizagem para que essa transmissão não seja passiva somente à oralidade, mas fundamente-se em um conhecimento oriundo de um procedimento de pesquisa sólido.

O presente trabalho visa obter um levantamento de como a interpretação do frevo-de-rua é realizada atualmente no Recife. A ideia central é verificar se há recorrência nas estratégias prático-interpretativas do frevo-de-rua, apresentar e descrever as praxes musicais que venham a ser coerentes estilisticamente e delinear um estilo prático interpretativo para o gênero.

O universo de estudo compreenderá os trompetistas e maestros atuando profissionalmente nas orquestras de frevo no Recife e as variáveis interpretativas estudadas são o andamento, a articulação, a acentuação e a dinâmica.

O estudo da interpretação do frevo-de-rua poderia começar por caminhos diferentes. O início poderia ser através da análise dos fonogramas no decorrer dos seus cem anos de história, por exemplo. No entanto, viu-se a importância de estudá-lo na atualidade, através de um simples levantamento descritivo, como um recenseador ou analista de opinião que busca traçar o perfil de uma população. A grande quantidade de trompetistas no Recife que se dedicam ao frevo torna o ambiente ideal para tal sondagem.

A tese inicia-se com um exame das características sociais e históricas do frevo. Esse capítulo aborda o termo frevo como expressão mais genérica e adentra no caráter do gênero, buscando relacioná-lo com os principais eventos históricos de Pernambuco e com uma das manifestações populares mais típicas do Brasil: o carnaval.

sobre o primeiro capítulo:
Buscando sempre contribuir para a formação do intérprete, o primeiro capítulo também insere dados históricos da vida musical do Recife nos séculos XVIII, XIX, XX e traça um pequeno histórico sobre o frevo.

sobre o segundo capítulo
O segundo capítulo é um exame das características, um estudo do que foi escrito sobre os aspectos musicais do frevo-de-rua. Sendo essas informações escassas, procurou-se contrapô-las com as declarações obtidas com os principais maestros de frevo no Recife. Os temas musicais abordados são as classes, as origens, os grupos instrumentais típicos e a estrutura morfológica do gênero. No estudo morfológico busca-se um levantamento de algumas características-chave que possam ajudar o processo prático-interpretativo do músico.

sobre o último capítulo
O último capítulo compreende a pesquisa descritiva realizada com os trompetistas profissionais no Recife. O projeto de pesquisa realizado compreendeu uma pesquisa de survey feita por questionário enviado aos trompetistas profissionais de frevo-de-rua no Recife. Os dados do survey foram cruzados com entrevistas semi- estruturadas realizadas com os maestros, compositores de frevo. Dessa forma geraram- se dados estatísticos numéricos e dados qualitativos descritivos foram analisados na tentativa de comprovar a hipótese. Dando continuidade ao capítulo descreveram-se algumas características prático- interpretativas do frevo-de-rua relacionadas com as variáveis do estudo

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Descrição:       155 f.:il
URI:    http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9157

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Ayrton Benck Filho

fonte
https://www.escavador.com/

Natural de Brasília e radicado no estado da Paraíba há mais de 20 anos, Ayrton Benck é um dos trompetistas de destaque no cenário musical brasileiro. Bacharel em música pela Universidade Federal da Paraíba (1991), mestrado (2002) e doutorado (2008) em Música na área de execução musical/trompete pela Universidade Federal da Bahia.

Tem experiência na área de Artes – Música, com atividades dentro da performance musical / práticas interpretativas e pedagogia instrumental, trabalhando em temas como música brasileira, música de câmara, música orquestral, bandas de música, ensino dos princípios técnico-interpretativos do trompete.

Em 1987, iniciou-se como solista quando obteve o 1º lugar no concurso para a série Concertos para a Juventude, promovido pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP. Ex- Integrante da Fundação da Orquestra Sinfônica de Brasília, Banda Sinfônica de Brasília, Orquestra Filarmônica Norte-Nordeste e da Orquestra Sinfônica da Paraíba.

É trompetista do Quinteto Brassil, professor de trompete do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba e coordenador do Encontro Nordestino de Metais, evento bienal dentro das áreas da performance e pedagogia dos instrumentos de metal que existe desde 1988.

Seus principais professores foram: Reynaldo Coelho (CEP-EMB), Nailson Simões (UNIRIO), Heinz Schwebel (UFBA) e Charles Schlueter (New England Conservatory – Boston Symphony Orchestra).

Trabalhou com artistas conceituados dentro da esfera da música de concerto como Eleazar de Carvalho, Arwed Henking, Nielss Muus, Christian Lindberg, dentre outros. Na música brasileira trabalhou com nomes como Sivuca, Maestro Duda, Radegundis Feitosa, etc. Como solista, atuou junto a Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS), Orquestra de Câmara da UFPB, UFBA e Orquestra da UNICAMP. No exterior excursionou para a Inglaterra e EUA, sendo artista convidado para participar em master-classes e recitais na Rudi E. Scheidt Music School – Memphis, no New England Conservatory Boston, Mannes School of Music e Manhattan School of Music de Nova York. Realizou gravações pelas emissoras de rádio WGBH-Boston e BBC-Londres. Tem participado da gravação de álbuns diversos (LP, CD e DVD) ao nível orquestral e camerístico, em esferas da música de concerto e popular. Como camerista, pode ser ouvido em seus CDs gravados com o Quinteto Brassil: dois lançados na Europa, Ásia e América do Norte pelo selo inglês Nimbus Records, o álbum duplo BEM BRASSIL, 2006, pelo FIC-PB e o CD Brassil interpreta Compositores da Paraíba, 2008, MinC/Petrobrás.

Seus últimos trabalhos em DVD incluem:
UM SOPRO DE BRASIL, do projeto MEMÓRIA BRASILEIRA/2004, MinC/Petrobrás, que reuniu as principais expressões da música para instrumentos de sopro nacional e SIVUCA: O POETA DO SOM FUNESC/PB/2005.
Em 2015/2016 lançou o CD “Vibrare” – música para trompete e piano, trompete e percussão com a participação de José Henrique Martins (UFPB) ao piano e Germanna Cunha (UFRN) – percussão.
Em 2017, participa como um dos solistas brasileiros convidados no CD do International Trumpet Guild – ITG. Ultimamente, além da docência e suas atividades constantes de pesquisa, dedica-se ao estudo e performance das obras de compositores brasileiros para trompete solista, duo com piano e também para grupo de metais.

FORMAÇÃO ACADÊMICA

Doutorado em Música (2003 – 2008)
Universidade Federal da Bahia 

Título: O frevo-de-rua no Recife: características sócio-histórico-musicais e um esboço estilístico-interpretativo.

Heinz Karl Novaes Schwebel. Palavras-chave: Música brasileira; performance musical; práticas interpretativas; frevo; características históricas, sociais e musicais; trompete. Grande área: Lingüística, Letras e ArtesGrande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes / Subárea: Música / Especialidade: Práticas Interpretativas – Performance Musical. Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes / Subárea: Música / Especialidade: Trompete. Setores de atividade: Educação; Atividades Recreativas, Culturais e Desportivas; Edição, Impressão e Reprodução de Gravações.

Mestrado em Música (2000 – 2002)
Universidade Federal da Bahia 

Título: Concertino para trompete e orquestra ou sonata para trompete e piano de Sérgio Oliveira de Vasconcellos-Corrêa: uma abordagem interpretativa. Ano de Obtenção: 2002

Heinz Karl Novaes Schwebel.Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Palavras-chave: Música brasileira; práticas interpretativas; performance musical; trompete; concertino; sonata. Grande área: Lingüística, Letras e ArtesGrande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes / Subárea: Música / Especialidade: Instrumentação Musical. Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes / Subárea: Música / Especialidade: Trompete. Setores de atividade: Educação; Atividades Recreativas, Culturais e Desportivas; Edição, Impressão e Reprodução de Gravações.

Graduação em Bacharelado em Música (1988 – 1991)
Universidade Federal da Paraíba 

Título: Recital de conclusão de curso
Orientador: Nailson de Almeida Simões/Gláucio Xavier da Fonseca

Curso técnico/profissionalizante (1979 – 1987)
Centro de Educação Profissional Escola de Música de Brasília 

Fonte:
https://www.escavador.com/sobre/755716/ayrton-muzel-benck-filho

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